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why the world is bright with you here?

18/09/2009

Recentemente escrevi um post sobre os meus amigos, e muitos deles, de certa forma tem partido. A gente fala com tanta naturalidade da saudade – ainda mais quando temos, privilegiados, uma palavra exclusiva só para descrever o sentimento de falta – que talvez fique banalizado, escondendo a saudade verdadeira, um aperto muito raro, quase desesperado, quando a falta é bem maior do que aquela saudadezinha transitória.

Não gosto de falar muito disso porque quase vira uma novela mexicana, a gente não pode reclamar de uma falta senão aquela diante da qual somos completamente impotentes – a morte com certeza inclui-se aí, mas também distâncias intransponíveis, intervalos enormes no tempo (e de espera).

Eu sinto falta de quem foi para Londres, aquela que me ensina a ter alegria. Da que foi para Brasília, a que me trazia incansáveis noites de cartas. Da que está na Itália, e me prometeu em breve uma caixinha de italianos guapos. Do outro que está em São Paulo, que me twitta o dia todo, mas a presença é fundamental, quero o abraço. Sinto falta daquele que foi para o Canadá, que mesmo amigo de tempos recentes, me ensinou como “vikmunizar” com comida japonesa. E também sinto falta daqueles sem tempo, que se deixam levar por horas de trabalhos e estudos, e nunca organizam tempo o suficiente. Daqueles que moram ali ó, mas no máximo trocam palavras ao telefone e internet. Dos que já foram importantes na minha vida, mas que por um motivo ou outro se afastaram. Dos fins. Quero começos.

Mas a saudade acaba acontecendo, talvez sem morte, mas com o quê de impotência, de não ter o que fazer, como resolver a urgência de estar perto. É um vazio sem toque, sem cheiro, sem voz. Porque tudo lembra, tudo entristece, tudo é desculpa para se diminuir diante da saudade. E foi ali, ao chorar escondido no chuveiro, me sentindo completamente patético e mal-agradecido (porque afinal, não há motivos reais pra ficar triste), abracei o ar e pensei comigo: não adianta de nada. Nada adianta.